Friday, February 15, 2008

Disputa interna na Federação de Karaté prejudica resultado da equipa

A falta de cultura de competição é um problema crónico para os atletas de Cabo Verde.
Sem manter um calendário regular de competições internacionais que lhes permita desenvolver- se técnica e emocionalmente, acabam por apresentar resultados abaixo das suas capacidades. É o caso da equipa de Karaté que, segundo José António Brazão, ficou muito aquém do que realmente Cabo Verde pode e sabe fazer, apesar de ter representado “muito dignamente” o país no torneio Open de Paris. O torneio Open de Paris, realizado a 19 e 20 de Janeiro, teve a participação de 450 atletas
representando 44 países do mundo. Na equipa de Cabo Verde estavam cinco atletas em quatro categorias/peso – menos de 60 quilos, mais de 65 quilos, menos de 70 quilos e mais de 80 quilos. Os constrangimentos a que a equipa de Karaté foi submetida durante a sua preparação e participação no Open de Paris, reflectiu-se num
desempenho inferior ao potencial dos atletas. Indignado com a situação, o treinador e seleccionador nacional, José António Brazão, fala em
"desmandos e ingerências" que estão acontecendo para privilegiar a formação da Federação de Artes Marciais. Os “Nossos atletas só não ganharam por excesso de penalizações. Na regra actual o atleta não pode tocar no adversário, a não
ser com alta maestria de controlo que permite ao árbitro avaliar a falta de intenção de danos físicos. Nossos atletas perderam por falta de cultura de competição”, explica o técnico. É exactamente em defesa do desenvolvimento dessa cultura, que José António Brazão, um veterano dessa modalidade em Cabo Verde,está a lutar neste momento. E não hesita em acusar: “Os constrangimentos começaram cerca de dois meses antes da competição. E o mais grave deles aconteceu durante a obtenção de vistos para os atletas, quando pessoas influentes de Cabo Verde fizeram com que fosse exigida, pela embaixada de França, uma declaração da Direcção-Geral dos Desportos para efeitos de visto, quando havia um convite de Paris, da Federação Francesa de Karaté, onde constavam os nomes dos atletas para efeitos de visto, que a
embaixada nem sequer considerou”. Ainda segundo o técnico, na sequência
dos factos, a Direcção-Geral dos Desportos recusou-se a emitir a declaração, alegando que tinha ordens expressas para não emitir esse documento, porque o presidente da Federação Nacional de Karaté ainda não fez a prestação de contas dos anos de 2006/2007. Já o presidente da FNK, João Correia, alega estar impedido de apresentar as contas porque um membro da Federação fez um levantamento no valor de 460 contos destinado à compra de material para a então Associação de Karaté de
Santiago e reteve os justificativos. “A senhora Rosa Pinheiro, que na época fez o levantamento, e todas as pessoas que criaram estes constrangimentos em relação ao torneio de Paris, estão envolvidas na Federação de Artes Marciais, criada recentemente no Sal e que tem como presidente André Matay e por isso estão a impedir a nossa participação em eventos internacionais”, revela José António Brazão.
Procurado pelo LANCE o Director-Geral dos Desportos, Inácio Carvalho, afirmou que
só vai falar sobre o assunto no momento oportuno. Já a ex-conselheira da Federação, Rosa Pinheiro, limitou-se a informar que a compra de apetrechos para a sala da Federação foi decidida em reunião do Conselho, uma operação realizada junto com a tesoureira, Dionília Constantino, que se encontra de posse de todos os
documentos. Para Brazão “é preciso que estas pessoas entendam que uma Federação não é do presidente, mas representa a responsabilidade de todos os membros. A criação de
uma federação de artes marciais é uma ignorância, porque o conceito de artes, marciais já foi banido no mundo. O Karatê e as demais disciplinas perderam o carácter de luta para ser uma prática de desenvolvimento físico e moral, daí a criação de uma única Federação Nacional de Karaté e disciplinas
Associadas”.
E mais acrescenta, “será que temos recursos financeiros para manter duas federações?
Essas pessoas não vêem que dessa forma estão prejudicando o desporto e a
imagem de Cabo Verde?”.
Lance

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