Monday, March 31, 2008

FEDERAÇÃO CABO-VERDIANA DE KARATÉ VIVE MOMENTOS DE “SUFOCO”

As actividades em agenda estão quase que paralisadas, os sucessivos convites para a participação de seus atletas nos opens internacionais perdem o prazo de validade por falta de meios financeiros e, como se já não bastasse, a FCK recebeu das mãos da Direcção-geral dos Desportos dois comunicados - um a respeito da justificação das contas do contrato-programa assinado em 2006 e, o segundo, em que a Secretaria de Estado da Juventude e Desportos nega a assinatura de mais um contrato-programa para o ano de 2008, alegando a coexistência de duas Federações (FCK e Federação Cabo-Verdiana de Artes Marciais, recentemente criada), quando na verdade a FCK é reconhecida a nível nacional e internacional e não pode responder pela existência de uma outra Federação.

A criação da Federação Cabo-verdiana de Artes Marciais parece estar a querer criar caspa à vida da Federação Cabo-verdiana de Karaté, FCK, que, ultimamente, tem procurado respirar um ar quase que mais puro que outrora, com a sua primeira participação no open de Paris, dentre mais de 40 países, no passado mês de Janeiro. É que, segundo conseguiu apurar o Expresso das Ilhas, a Secretaria de Estado da Juventude e Desportos não quer de forma alguma celebrar um novo contrato-programa para 2008, porque segundo diz e lamenta, num dos comunicados, que "perante a situação ora prevalecente, isto é, o da coexistência de duas Federações que têm como a disciplina do Karaté, impõe-se uma melhor clarificação do quadro actual, na medida em que em termos legais, apenas uma única federação poderá assinar o contrato".

A FCK quer ponderar a sua decisão face à pronuncia formal da Direcção-geral dos Desportos, mas o "sufoco" é grande perante os actuais percalços que têm surgido e que estão a impossibilitar a concretização do seu programa este ano e a sua participação nos opens internacionais, como o da Holanda realizado nos dias 8 e 9 e de Marrocos a realizar nos dias 15 e 16 do corrente, devido a falta de meios financeiros. Actividade última que permitia a Cabo Verde melhorar a sua cultura e performance a nível da cultura de competição.

A FCK, criada a 15 de Abril de 2006 tem como membros efectivos três Associações (Santiago Sul, Santiago Norte e Fogo) e está legalmente constituída, conforme defende o seu presidente João Correia, que diz haver "falta de seriedade no tratamento de matérias como esta e algum vicio" por parte de pessoas com a pretensão de querer "sufocar" a modalidade.

" A Direcção-geral não é dirigente quanto à matéria de constituição de uma Federação", afirma Correia explicando que o que está em causa não é a constituição da Federação, mas sim a eleição de novos órgãos que representem a maioria das escolas, isto porque, de acordo com Correia, o presidente da Associação Santiago Sul, decidiu deliberadamente integrar-se na Federação Cabo-verdiana de Artes Marciais, sem dar cavaco à FCK, tentando consigo arrastar a Associação Santiago Sul que é desde há muito membro da FCK.

João Correia caracteriza "grave" a saúde actual de Karaté e diz ser impressionante a forma como instituições do Estado, como a Secretária de Estado da Juventude e Desportos tem estado a interferir nos assuntos internos da Federação. "É muito grave quando se nota interferências por parte de uma instituição do Governo, a tomar posições nos assuntos internos da Federação", advoga.

O presidente da FCK afirma que há influências por parte de outrem que queira deitar por baixo a FCK, uma vez que num dos comunicados a Direcção-geral da Juventude diz estar na posse de documentos que confirmam que a FCK não está legalmente constituída. " Podemos falar de influências por parte da Secretaria de Estado da Juventude e Desportos que ajudou a promover a criação da Federação Cabo-verdiana de Artes Marciais até a sua saída no B.O e agora há um apetite de legitimá-lo em termos financeiros, sufocando por outro lado a FCK, quando nega o apoio com falsas alegações", afiança Correia que sem papas na língua, assegura que se há de facto coexistência de Federações, essa coexistência foi impulsionada pela Secretaria de Estado da Juventude.

" A forma como o Secretário de Estado e o Director dos Desportos têm agido, demonstra, claramente, que há qualquer relação política e íntima e que esteja a pesar sobre este tipo de atitude que nada abona o karaté", salienta o presidente da FCK que garante que irá enviar uma resposta formal à Direcção-geral dos Desportos com Conhecimento da Secretaria de Estado da Juventude e do Sr. primeiro-ministro e Sr. Presidente da Republica, denunciando esta situação "que é sem duvida uma tentativa de asfixiar uma Federação já existente com a criação de uma outra".

Carvalho deixa claro que não havia necessidade da criação da FCAM, quando cada modalidade desportiva pode, perfeitamente, responder por si própria.

Conforme Correia a FCAM não pode representar nenhuma modalidade e, há muito que, em todo o mundo se extinguiu a Federação de Artes Marciais. "A criação da Federação de Artes Marciais não tem fundamento e é ilegal porque não pode existir duas Federações num país. É bom que fique claro, a modalidade que a novel Federação irá tratar. O Governo pode assinar todos os contratos que quiser, desde que salvaguarde a modalidade de Karaté que é exclusivamente da Federação de Karaté", diz.

Justificação das contas de 2006
Os contratos-programa assinados em 2006, cujos justificativos ainda não foram parcialmente apresentados à Secretaria de Estado da Juventude, são um outro problema que pesa nas costas da FCK.

Segundo o presidente da FCK, João Correia, esta situação está há muito pendente, porque uma parte do dinheiro, cerca de 463 contos, foi usado na compra de alguns materiais, pela Directora-geral do Tesouro, Rosa Pinheiro, também membro da Federação, que até ainda detém em seu poder os justificativos.

Correia diz que, na altura, o contrato programa era no valor de um milhão e oitenta e seis mil escudos e que o Governo só desembolsou 944 mil e tal contos.

Uma parte desse montante já foi justificado, mas falta a de 463 contos por justificar. "Os documentos que justificam esse valor estão nas mãos da directora-geral do Tesouro, Rosa Pinheiro. É um absurdo. É absurdo pelo papel que ela desempenhou na Federação não ter até ainda entregue esses documentos pelo bem do Karaté", sublinha Correia que diz ser esta "uma falta de respeito pelas intuições do Estado e pela Federação e pelo papel que a própria desempenha". Os documentos comprovativos das contas de 2006 fazem padecer financeiramente a FCK, que impreterivelmente só pode ter um novo contrato-programa quando prestar definitivamente as contas de 2006.

João Correia deixou ainda saber que foram feitas, em vão, várias tentativas no sentido de fazer com que Rosa Pinheiro entregasse os documentos. Garante, entretanto, este responsável que o último recurso é pedir a intervenção do Tribunal.

Mas para Correia, a Direcção-geral dos Desportos poderia aqui desempenhar um papel preponderante, como mediador, enquanto instituição do Estado, para tomar a posse desses documentos "para a salvaguarda de um bem público".

No rol desta polémica, o Expresso das Ilhas tentou ouvir a Direcção-geral da Juventude e Desportos através do seu Director, Inácio dos Santos Correia, mas foram em vão os esforços, uma vez que em todas as tentativas o director, através dos funcionário s da instituição que dirige, estava permanentemente ocupado.

Já a Directora-geral do Tesouro, Rosa Pinheiro, também mencionada neste caso, garantiu ao Expresso das Ilhas que todos os justificativos foram entregues à Direcção-geral da Juventude e Desportos e que cabe à Direcção explicar à FCK os reais motivos em que baseou para recusar a assinatura de um novo contrato-programa. "Houve compra de sim de materiais, mas os documentos foram entregues. A própria tesoureira da Federação garante ter entregue os documentos comprovativos à Direcção-geral da Juventude. O que realmente se passa é que o presidente de Federação gosta de mencionar o meu nome", defende Rosa Pinheiro que nega estar em seu poder os restantes documentos justificativos do orçamento de 2006.

A directora-geral do Tesouro demonstrou estar "cansada" de repisar no mesmo assunto e apela à FCK que peça esclarecimentos à Direcção-geral da Juventude e Desportos.
Expresso das Ilhas

No comments:

Post a Comment