Monday, March 17, 2008

Mindelense pede irradiação de Jorge Faial


Um incidente registado no túnel do estádio Adérito Sena, no final do encontro entre o Batuque e o Mindelense, realizado no dia 24 de Fevereiro, ocasionou a abertura de um inquérito e a suspensão provisória de Jorge Faial das funções de árbitro. Por indicação do Conselho Nacional de Arbitragem, órgão com poderes para sancionar os juízes internacionais, como é o caso de Faial, a Associação Regional de Futebol de São Vicente decidiu instaurar um inquérito para apurar as circunstâncias do incidente, cuja gravidade já deu argumentos ao clube Mindelense para solicitar a irradiação de Faial da equipa regional de arbitragem.

Tudo aconteceu quando Jorge Faial resolveu saltar a vedação da bancada Sul e atravessar o campo de futebol, após ver o seu filho Rui Faial, atleta do Batuque, ser sancionado com o cartão vermelho pelo árbitro central. “Ao reparar na atitude do meu filho, fiquei preocupado e, como a porta da bancada Sul estava fechada, saltei a vedação com o intuito de saber o que se estava a passar e impedir o meu filho de piorar ainda mais a sua situação. Esta foi a minha única intenção”, confessa Faial.

Segundo as suas palavras, atravessou o relvado, passou pelos árbitros, “sem lhes dirigir qualquer palavra”, e foi encontrar o seu filho já na rua frente ao estádio. Aí terá questionado o filho sobre a sua atitude, regressando depois ao estádio, para cumprimentar os árbitros da partida, “como é da praxe.” “Nisso, deparo com o Tchida d’Mindelense já dentro do túnel, ele volta-se para mim e diz-me para aconselhar o meu filho. Aí retorqui que o meu filho teve essa atitude porque levara muita porrada em campo e que isso o tinha deixado irritado”, conta.
Segundo Faial, nesse interim Adilson Nascimento, vice-Presidente do Mindelense, entra também no túnel, vindo do relvado, e esboça uma “atitude de troça e de cinismo”. “E não admito isso a ninguém”, acrescenta o árbitro internacional.
Irritado com o alegado insulto de Nascimento, Faial acaba por perder as estribeiras e parte para cima do dirigente encarnado. “Ele diz que lhe agarrei no peito da camisa mas, na verdade, apenas o empurrei para trás. Depois separámo-nos e fui logo agarrado por alguns jogadores do Mindelense e árbitros”, conta Faial, que reconhece ter arremessado os seus chinelos em direcção a Adilson Nascimento, com o intuito de o atingir.
Esta versão, pelos vistos, não coincide totalmente com o relato feito pelo Mindelense, que numa carta enviada à ARFSV, pede a irradiação de Faial da equipa de arbitragem. No documento, a que LANCE conseguiu dar uma rápida olhadela, Adilson Nascimento afirma que ao regressar do relvado deparou com uma “situação insólita” dentro do túnel, com Faial a agir de forma violenta contra os árbitros que dirigiram a partida. Nisso, conta o dirigente encarnado, esboçou um sorriso, que terá chateado Faial ainda mais.
No documento, Nascimento é peremptório ao afirmar que foi agarrado pelo peito da camisa, para as ameaças que recebe de Jorge Faial. A carta acrescenta ainda que Faial terá tentado agredir o próprio delegado ao jogo do Mindelense, com uma bandeirinha de campo.
Segundo Gerson Melo, presidente da ARFSV, o caso está a ser averiguado por uma comissão de inquérito, que deverá produzir o seu relatório o mais rápido possível. “O resultado do inquérito será depois encaminhado ao Conselho Nacional de Arbitragem, órgão da Federação com competências para determinar eventuais sanções ao árbitro Jorge Faial, que tem categoria internacional”, esclarece Gerson Melo, antes de confirmar a medida provisória de suspensão aplicada a Jorge Faial, por causa do incidente. Gerson confirma também a recepção da mencionada carta do Mindelense.
Para muita gente, Faial agiu como espectador, logo não pode ser sancionado como árbitro. Contudo, na perspectiva do ex-internacional Manuel Duarte, um árbitro deve ser exemplar no seu comportamento, dentro e fora do relvado. “É sempre um árbitro, independentemente de estar dentro ou fora do campo”, afirma o actual presidente do Conselho de Arbitragem da ARFSV, que lamenta o caso ocorrido com Faial, que ele considera um dos melhores juízes do futebol cabo-verdiano.
“Acho que ele foi precipitado e disse-lhe isso. Ele poderia esperar o seu filho chegar a casa para conversarem com calma”, acrescenta Duarte, assegurando que, enquanto não houver o resultado do inquérito, Faial não vai ser convocado para apitar nenhum jogo. “Queremos ser prudentes e agir em defesa dos interesses do futebol”, clarifica Manuel Duarte, para quem a conclusão da investigação deve ser comunicada às instâncias próprias com a maior brevidade.
Abordado sobre a carta do Mindelense, Duarte deixa claro que não compete a nenhum clube pedir a suspensão ou irradiação de um árbitro. “Acontece, neste momento, que o problema tomou uma dimensão bastante grave, o que nos obriga a suspender o árbitro, de forma provisória.”
Este incidente acontece no ano da despedida de Jorge Faial das lides da arbitragem. Mas Faial confessa-se pouco ou nada preocupado com essa mancha na sua carreira. Desmente que tenha insultado os árbitros e mostra-se disponível a colaborar com o inquiridor. No meio desse imbróglio, o juiz Fernando Andrade, árbitro central do jogo em causa, garante que ele e Faial só conversaram sobre o sucedido no dia seguinte e que em nenhum momento foi desrespeitado pelo colega.
O certo é que, independentemente do resultado do inquérito, Adilson Nascimento já meteu uma queixa contra Faial na esquadra da Policia Nacional e consta que pretende accionar um processo-crime junto do tribunal de S. Vicente. Abordado sobre este caso, Nascimento negou avançar quaisquer informações à imprensa, “neste momento”.
Asemana

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