Sunday, January 17, 2010

O Balanço Desportivo de 2009

Por Gerson Melo

                                                               


Terminado o ano de 2009, abre-se mais um momento de reflexão sobre a vida social cabo-verdiana, e o desporto como uma importante peça do nosso quotidiano não foge a regra.
Em 2009 o desporto de Cabo Verde conseguiu alguns feitos históricos que devemos destacar. A medalha de Ouro no torneio de futebol nos Jogos da Lusofonia, a medalha de Prata no torneio de basquetebol e a medalha de Prata conquistada pelo Voleibol, ambos nos jogos dos países lusófonos que decorreram em Lisboa, a vitória do Josh Ângulo e as participações honrosas nos respectivos mundiais de Nitú no Kitesurf e de Nuno Mões e Zito no Bodyboard.
Mas estes feitos não aconteceram por acaso, como nada acontece por acaso no desporto. No desporto a sorte procura-se, com muita dedicação, sacrifício e acima de tudo, projectos a longo prazo.
Quanto ao futebol, já é reconhecido por todos o excelente trabalho que o Presidente Mário Semedo e a sua direcção têm feito juntamente com as equipas técnicas dos diversos escalões, João de Deus, Lúcio, Piki, etc. Penso nunca ser demais apontar o desempenho da Federação Cabo-verdiana de Futebol como exemplo no panorama desportivo cabo-verdiano. Apesar dos problemas que têm acontecido, a federação de futebol é a única que tem apresentado organização, continuidade, trabalho feito e acima de tudo a existência de um projecto credível.
O basquetebol tem tirado proveito de uma geração de atletas que tem elevado bem alto o nome de Cabo Verde, casos de Rodrigo, Márito entre outros. Infelizmente o desempenho dos nossos atletas não tem sido acompanhado pelas estruturas federativa da modalidade e pelos próprios dirigentes.
O voleibol que agora começou a dar os primeiros passos, além fronteira, tem tudo para aprender com os erros e as virtudes das modalidades que já estão a mais tempo nessas andanças, casos do Futebol, do Basquetebol e até mesmo da ginástica. Por isso e pelas ideias futuras é de louvar e incentivar a nosso voleibol nacional.
Na minha modesta opinião, a federação deveria apostar com maior afinco no Voleibol de Praia, por ser uma modalidade menos custosa e que devidas as condições naturais das ilhas é possível praticar durante o ano inteiro e em todo o território nacional.
Quanto ao Windsurf, Kitesurf e Bodyboard o mérito vai quase que em exclusivo para atletas, pois perante a ausência de estruturas federativas, lembra-se apenas o Skibosurf tem conseguido manter-se organizado, tem sido os Angulos, os Nunos e Jasons e os Nitus com muita dedicação, a mostrarem os governantes que o futuro do desporto de Cabo Verde tem que passar obrigatoriamente pelos desportos náuticos.
O que todos esperamos é que com estes êxitos os nossos governantes, poder central e poder local, deixem de ver o desporto apenas como uma ocupação dos tempos livres e apostem numa área que não só traz benefícios desportivos e económicos para o Pais, mas também tem benefícios na saúde da nossa população.
O desporto de alto rendimento e o desporto para todos devem coabitar no mesmo espaço, sem haver atropelos e confusões, com áreas de acção, lê-se modalidades, bem definidas. Para isso devemos fazer uma clara aposta num número limitado de modalidades e trabalha-los a nível profissional de forma a teremos, nessas modalidades, desportos de alto rendimento e nas outras modalidades desportos para todos. Por ser tema da minha na próxima crónica, vou deixar este tema por aqui.
Para terminar esperamos que o novo ano seja marcado por uma progressão na organização das nossas estruturas desportivas, essa sim a verdadeira prioridade do nosso desporto.
“Corremos o risco de com o avolumar dos valores financeiros investidos no desporto, estarmos a construir carros e depois não termos nem estruturas e nem condutores para os conduzir”.

Lisboa, Janeiro 2010
Gerson Melo - gersonsenamelo@gmail.com

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