Tchida de Mindelense morreu na noite desta quarta-feira, 2, em Lisboa. Com a sua partida foi-se uma das figuras mais emblemáticas do futebol nacional e uma das personagens mais autênticas e genuínas de São Vicente. Os campos de futebol de Mindelo e de Cabo Verde nunca mais serão os mesmos, porque perderam a alma, a irreverência e a autenticidade de um amante incondicional do futebol jogado.
Quem não se lembra das "bocas" do Tchida, a sua forma única de estar em campo? Agora os seus gritos, nessa forma peculiar que Tchida tinha de incentivar os seus pupilos, a sua postura sempre crítica para dentro e para fora da sua equipa, as jogadas psicológicas com que desestabilizava os adversários ecoam na saudade porque perderam a alma.
Foi-se um coração Mindelense, tão vermelho como o seu clube vermelho e o sangue que lhe corria nas veias. Ao Clube Sportivo Mindelense amou mais que tudo e como ninguém, embora tenha passado por quase todos os clubes de São Vicente. Mais, foi timoneiro da selecção de Cabo Verde.
São Vicente chora hoje a perda do seu filho dilecto, Cabo Verde inteiro aprendeu a amá-lo pelo que era e lamenta a partida de um dos seus maiores personagens, mas todos se consolam com a ideia de que quem vive tão intensamente a vida, nunca a deixará para sempre. Sim, Tchida viverá eternamente em cada um de nós...Na autenticidade, na irreverência, no inconformismo e na fidelidade às causas nobres da vida. Bem haja o povo que tem filhos assim, porque os fará multiplicar infinitamente!
Tchida iniciou a sua carreira como treinador de futebol no clube Amarante. Passou de forma fugaz pelos clubes Falcões do Norte e Académica do Mindelo e com o Derby conquistou, no ano 2000, o título de campeão nacional.
Mas foi no Clube Sportivo Mindelense que viria a fazer carreira e conquistar vários títulos regionais e nacionais. Foram essas acreditações que o levaram ao comando técnico da selecção nacional. Nos últimos dois anos de vida, Tchida, 66 anos, assumiu o cargo de director desportivo do Clube Sportivo Mindelense.
Adilson Nascimento, vice-presidente do clube, explicou ao asemanaonline que a sua nomeação para essa função foi a forma encontrada pelo clube para aproveitar a experiência de Tchida, que acumulou nos seus longos anos como treinador.
“Tchida nos ajudava ainda a planear e a almejar outros objectivos desportivos para o Mindelense. Era uma pessoa interessada e, mesmo internado no Hospital Baptista de Sousa, antes de seguir para Portugal, telefonava para saber como estava a equipa, os resultados dos jogos…”.
O malogrado, que também foi colaborador do jornal "A Semana", viajou na semana passada para Lisboa para se submeter a tratamento médico, mas não resistiu à doença que o apoquentava e morreu na noite de ontem, quarta-feira.
À família enlutada, os mais profundos sentimentos de pesar de toda a equipa do jornal "A Semana".
Constânça de Pina-Asemana
http://www.criolosports.com/
Thursday, June 3, 2010
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment