Saturday, March 26, 2011

Cabo Verde recebe a Libéria na Várzea: “Deixem-nos sonhar!”

O desafio é total e corre célere – não só no país todo, mas também em todo o lado onde há um cabo-verdiano: “Ganhar”! Para chegar ao que até agora tem sido só um sonho: ser uma das 16 melhores selecções africanas. Depois da vitória sobre o Mali e do empate no terreno do Zimbabwe, o primeiro lugar do Grupo 1 (4 pontos) dá à nossa selecção uma margem confortável para enfrentar amanhã à tarde (16 horas), a Libéria no Estádio da Várzea. Mas os “Tubarões Azuis” só podem ganhar, ganhar, ganhar e ganhar até chegar a uma fase final da CAN.

Cerca de 8 mil espectadores vão lotar o Estádio da Várzea este sábado. Nas ruas já se notam os quiosques que vendem camisolas, bandeiras e cachecóis com as cores nacionais. É a onda azul que se prepara para embalar a sua selecção num jogo com uma equipa que está ao seu alcance. Os bilhetes começaram a ser vendidos ontem no Estádio da Várzea e os preços são 600 escudos para a Bancada Central e 200 escudos para a Bancada Única, do lado da CV Telecom. E, como já é tradição, na Tribuna de Honra não deve faltar o Presidente da República, Pedro Pires, um indefectível torcedor dos Tubarões-Azuis. Na Tribuna anuncia-se ainda o Presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, Mário Semedo, e muitas outras figuras ligadas ao desporto nacional.
O seleccionador Lúcio Antunes, desde que pegou na equipa nacional, tem sempre a vitória como ponto de partida. E desta vez remata com o mesmo pé: “Vamos apresentar uma equipa forte para ganhar e manter-nos no primeiro lugar do grupo”. Aliás, as duas vitórias nos jogos amigáveis – frente à Guiné-Bissau (2 – 1) e sobre o Burkina-Faso (1-0) – mostram uma equipa em clara ascensão, motivo para levar Cabo Verde a acreditar. Para este duelo, Lúcio conta com todos os jogadores que convocou, entre eles, Nando e Fábio, que foram os últimos a juntar-se à comitiva, mas são trunfos para jogar hoje.
No plantel que vai alinhar na Várzea, a ambição já é “segredo público”. Lito, o capitão em fim de carreira, é uma das vozes da confiança. O avançado, de 36 anos, quer terminar a sua carreira entre os melhores de África. Também o médio Dário, 32 anos, um dos cinco jogadores que Lúcio foi buscar entre portas, nos campeonatos nacionais – os outros são Vozinha e Calú (Mindelense) e Kadú e Kiki (Boavista) – diz que a equipa está unida e a pensar na vitória que consolida a liderança de Cabo Verde no seu grupo. Mas desenganem-se todos aqueles que pensam que o encontro com a Libéria neste sábado são favas contadas. É que pela frente Lúcio Antunes e os seus pupilos vão ter uma selecção que busca golos e pontos como pão para a boca. A equipa liberiana, que desde quarta-feira à tarde está em Cabo Verde e já fez dois treinos na cidade da Praia, precisa de sair do último lugar do grupo – tem apenas um ponto em dois jogos. Veio com treinador novo, o italiano Roberto Landi - substitui o adoentado Bertalan Bicskei – que precisa mostrar serviço. Razões para as “Estrelas” chegarem para vencer em Cabo Verde – e longe de casa é melhor ainda.
Isso, apesar da Libéria não ter boas recordações dos jogos que realizou em solo cabo-verdiano. Na última vez que aqui aterrou, a selecção na altura integrada pelo “fabuloso” George Weah perdeu por 1 – 0 frente a uma motivada equipa cabo-verdiana. Estávamos no ano de 2000 e o jogo aconteceu em São Vicente. Quem sabe a história não se repete e a sina não se escreve pelas mesmas linhas? O outro jogo do grupo 1 acontece também este sábado no Mali – Mali x Zimbabwe.

Vargas e Zé Piguita: “Eles já não contam com Weah”
Mais de uma década depois, ainda continuam vivas, na memória dos jogadores, incidências do último jogo Cabo Verde-Libéria. Foi a 30 de Junho de 2000, no Estádio Adérito de Sena, em São Vicente, também a contar para as eliminatórias da CAN. A nossa selecção venceu por 1 – 0, com um golo solitário apontado pelo avançado Tony, que na altura jogava no Sporting de Braga. Zé Piguita e Vargas, dois dos “Tubarões Azuis” que estiveram nesse jogo querem agora, muitos anos depois repetir essa vitória. “Foi um jogo muito especial: não só pela vitória que nos deixou super felizes, como também pela recepção calorosa que tivemos em São Vicente, Inolvidável”, conta Vargas. O avançado lembra que na altura ninguém acreditava que pudessem levar de vencida a selecção onde brilhava um dos melhores avançados africanos de todos os tempos, George Weah. Mas a “vibração positiva” de São Vicente e o seu público maravilhoso – que transportou todo o tempo a “Sua Selecção” no “Alto Astral” – estavam dispostas a eliminar qualquer obstáculo, mesmo que este fosse o gigante Weah.
É possível repetir esta proeza? Vargas acredita que sim, e sobretudo muita concentração e espírito de equipa. Agora, mais maduro e com algumas aventuras no futebol português pelo meio, Vargas entende que se Cabo Verde conseguir impor o seu futebol, sairá da Várzea com mais uma vitória. E brinca, dizendo que a nossa selecção parte em vantagem, pois a Libéria já não conta com a classe, magia e velocidade de Weah. Zé Piguita foi também um dos que esteviveram no jogo da vitória de 2000. Apesar de já não se lembrar muito das incidências da partida, tem ainda viva na memória a classe de Weah. O gigante da Libéria que nesse dia foi anulado pelos crioulos. Agora, a história é outra, a Libéria já não conta com essa sua “pedra preciosa” e Zé Piguita acredita que a nossa equipa vai vencer e continuar firme na liderança do grupo. O ex-internacional cabo-verdiano acha que o factor casa, além da organização quanto baste, levará a Selecção de todos nós a bom porto, ou seja às portas da CAN. Porque assim, entende, os “Tubarões-Azuis” não dependerão de terceiros para se qualificar.

Cabo Verde melhor no ranking da FIFA e na CAF
Além de liderar o Grupo 1 de qualificação para a CAN do Gabão e da Guiné-Equatorial, a nossa selecção é a mais bem posicionada de todas no ranking da FIFA. Cabo Verde ocupa o 73º lugar, a uma distância considerável do Mali, que está na 85ª posição, Zimbabwe no 127º lugar e a Libéria, ainda mais longe, é 160º classificado. Também no ranking da Confederação Africana de Futebol (CAF) a equipa de todos nós está primeiro, no 16º lugar, o Mali aparece logo atrás, como 18º classificado. Na 34ª posição, o Zimbabwe vem logo a seguir. Já a Libéria, o adversário dos “Tubarões-Azuis” este sábado, além de estar no último lugar, é a pior posicionada do grupo no ranking da CAF: está no 44º posto, num quadro em que constam 52 selecções de África.
Asemana

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