Friday, August 8, 2008

O BAIRRO TOMBOU, VIVA O BAIRRO!


Praia, 07 Agosto - Quem acompanhou com regularidade o último campeonato regional de futebol de Santiago Sul, certamente não terá ficado tão surpreendido agora com a prestação do Bairro no Campeonato Nacional.
Ao longo do regional a equipa apresentou um futebol alegre, bastante rendilhado e com jogadores jovens e tecnicistas, capazes de irritar os adversários com a sua irrequietude em campo.
Não é de se estranhar, pois, que equipas como a Académica, o Boavista e os Travadores, que tradicionalmente lutam pelo título, tivessem ficado atrás do conjunto amarelo do Bairro Craveiro Lopes. Bem, os “índios” ainda tentaram na secretaria chamar a si o segundo posto, mediante um protesto contra os “canarinhos”, mas o mesmo seria declarado improcedente.
O Bairro seguia então, por mérito próprio, para o campeonato nacional, feito inédito na história de um clube que normalmente traça como objectivo garantir a permanência no escalão principal do futebol de Santiago Sul.
Nos cinco jogos da primeira fase a equipa conseguiu duas vitórias (destaca-se um contundente 6-1 imposto ao Fiorentina do Porto Novo), dois empates e uma derrota, esta frente ao até agora invencível Derby.
As meias-finais reservaram ao conjunto treinado por Alex, nada mais nada menos que um Sporting, bicampeão nacional. Os leões já tinham sido eliminados, em campo, pela Académica do Fogo, e por isso, no seu regresso a competição, muitos eram os aliciantes para o confronto entre campeões e vice-campeões de Santiago Sul. Do lado do Sporting havia a necessidade de mostrar que a equipa está mais talhada para vitórias dentro das quatro linhas e que a sua prematura saída da competição não teria passado de um caso fortuito. Do lado do Bairro, já começava a desenhar-se no horizonte o sonho de chegar a uma final do campeonato nacional, com todas as implicações positivas que tal feito poderia acarretar para os jovens jogadores dessa formação.
Ora, a fantasia desse sonho começou a ganhar tonalidades do real quando, em 45 minutos, a equipa marcou 3 golos aos leões, protagonizando assim o difícil feito de fazer uma reviravolta após terminar a primeira parte a perder por 0-2 (alguém, de certo, terá lembrado do tal Sporting – Far Rabat, em Março último).
No final do jogo o estádio da Várzea parecia rendido ao futebol do Bairro e mesmo o técnico do Sporting, Beto, não foi buscar os típicos clichés usados pelos treinadores quando perdem o desafio, e falou num “super Bairro” na segunda parte.
A euforia tomou conta dos adeptos e a jovem equipa do Bairro não soube, no jogo da segunda mão, lidar bem com a pressão. Os pupilos de Alex apresentaram-se algo nervosos e não conseguiram contrariar a experiência dos jogadores do Sporting que, estes sim souberam controlar o jogo do primeiro ao último minuto.
Com o Sporting e o Derby na final, reedita-se o cenário da época 2004/05, tendo na altura o Derby levado a melhor sobre os rivais da Praia. Os leões vão agora tentar a desforra, mas sabem que pela frente irão encontrar uma equipa vitoriosa (os campeões de São Vicente conseguiram até agora 7 triunfos em igual número de jogos).
Seja qual for o desfecho, a grande sensação desta prova é já, sem dúvidas, o Bairro, que entra para a história do campeonato nacional como semifinalistas.
Mas para a história fica, igualmente, o próprio campeonato, não pela qualidade competitiva (aliás, neste aspecto quanto mim deixou muito a desejar na primeira fase) mas antes pelos casos de protesto que fizeram com que a prova ficasse interrompida durante 3 semanas seguidas.
Benvindo Neves – Liberal

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