Thursday, October 2, 2008

GOLFE – MODALIDADE DESPORTIVA QUE TEIMA EM FICAR

O golfe - uma das primeiras modalidades desportivas em Cabo Verde - é praticado essencialmente na ilha de São Vicente. O desporto foi introduzido na Praia na década de 60, mas dificuldades de vária ordem têm impedido a sua afirmação. Cerca de 20 golfistas praticam a modalidade com uma certa regularidade, na capital do País.

Os ingleses da Western Telegraph e os das companhias carvoeiras estabelecidas em São Vicente foram os introdutores do golfe, em Cabo Verde. Relata Antero Barros no seu livro "Subsídios para a História do Golf em Cabo Verde".
"Foram eles os fundadores do St. Vincent Golf Club. Construíram um campo de 18 buracos, na área conhecida por Golf e um pavilhão, a uns escassos metros da Cova de Inglesa, em frente da qual ficava o starting teeing graound. A primeira notícia escrita sobre o golfe em São Vicente reporta-se de 1907, data em que o inglês C. LI. Groves ganhou o Shield, que era a principal prova do calendário anual dos ingleses. Era uma competiçao por pancadas (stroke play) em 54 buracos" refere Antero Barros, um dos mais destacados golfistas da história de Cabo Verde.
Ainda de acordo com o livro, "Subsídios para a História do Golf em Cabo Verde", mal os ingleses deram inicio à prática do golfe, a população mindelense tomou gosto da modalidade.
"É evidente que foi entre a população das zonas adjacentes que surgiram os primeiros praticantes mindelenses, desta modalidade. Assim é fácil compreender a razão por que os melhores praticantes de golfe de São Vicente encontram-se sempre na gente de Dji de Sal, do Monte ou do Monte Sossego", refere Antero Barros, sublinhando que até o ano de 1938 "não houve nenhum clube cabo-verdiano de golfe. A princípio, os dois principais clubes desportivos de São Vicente, o Clube Sportivo Mindelense e o Grémio Recreativo Castilho, organizavam várias competições entre os seus adeptos. Nessas competições por pancadas (stroke play) costumavam entrar à volta de 20 jogadores por cada equipa e era considerada vencedora a equipa que, no cômputo geral, somasse menor número de pancadas".
Segundo Antero Barros, na segunda metade da década de 30, começa a surgir um grupo elitista, encabeçado por Virgílio Malheiros. "É aos componentes desse grupo que os rapazes do Lord viriam a dar, mais tarde, a designação de portugueses". Esse grupo que passou a utilizar o campo da Cova da Inglesa, após a saída dos ingleses, seria o gérmen do futuro Clube de Golfe de São Vicente, "pois foi nele que, em 1940, o capitão Ferreira Pinto encontrou ambiente propício para fundar o referido clube, cujos Estatutos foram publicados no Boletim Oficial nº 14 de 6 de Abril de 1940.

Modalidade para "pés descalços"

Contrariando a tendência mundial, em Cabo Verde, o golfe não é um desporto de elite garante Daniel Oliveira, um dos mais destacados golfistas nacionais. "Em São Vicente, costuma-se dizer que o golfe é um desporto para ‘pés descalços', porque em Cabo Verde é uma modalidade que está ao alcance de todos", referiu Oliveira, sublinhando que como desporto, o golfe é uma das maiores modalidades a nível mundial e "no clube centenário de São Vicente, vai continuar a ser uma actividade desportiva acessível a todos".
Os equipamentos e materiais para a prática do golfe são caros, mas em São Vicente a questão não impede o desenvolvimento da modalidade, porque segundo, Daniel Oliveira, sempre houve um elevado sentido de solidariedade entre os praticantes. "Temos muita gente emigrada, que num esquema de apoio à modalidade, nos enviam bolas e tacos e que são vendidos a preços bastante acessíveis", garantiu Oliveira.
Em relação aos "caddys" - jovens que carregam os sacos de golfe - Daniel Oliveira afirma que normalmente transitam para a categoria de jogadores, "neste momento uma boa percentagem de golfistas deste clube passaram pela condição de caddy. Normalmente a transição é natural, até a admissão dos mesmos como sócios do clube", referiu Oliveira, sublinhando que apostar nos caddys "é apostar no desenvolvimento do golfe".
Entretanto, Daniel Oliveira realça que com a modernização do Clube de Golfe de São Vicente será criada uma escola de golfe para o apuramento da técnica individual em relação ao jogo na relva, para que "os jovens jogadores possam praticar o golfe profissional - PGA".
Os golfistas em São Vicente participam anualmente em dezenas de competições oficias, organizadas pela direcção do clube, em comemoração a datas festivas e em homenagem a destacados golfistas, nas modalidades de match play, medal play e stableford, em pares e individuais. Estão inscritos no clube de São Vicente, a volta de cem jogadores, mas apensa cerca de 60 participam de forma regular nas competições oficias, que têm como ponto alto o torneio de mérito, para definir os melhores de cada época desportiva.
Na Praia, o golfe não é levado tão a sério como em São Vicente, em finais de 50 a modalidade foi trazida para a capital por alguns funcionários, transferidos de Mindelo, mas problemas ligados com a fixação do campo não permitiram uma implantação plena desse desporto. A zona da Prainha foi o primeiro espaço para as tacadas de golfe, mas com a urbanização da zona, os golfistas foram transferidos para a zona do antigo aeroporto, mas foi sol de pouca dura, porque seriam mais uma vez deslocados, desta feita para a Várzea, onde o golfe ganhou uma certa estabilidade com o seu campo de 9 buracos completamente vedado. Em finais da década de 70, com a construção da avenida cidade de Lisboa, o golfe cedeu mais uma vez o seu espaço e transitou para Monte Vaca para um percurso de 18 buracos. A distância do centro da cidade e problemas com a manutenção do campo fizeram com que a desmotivação se instalasse no seio de grande parte dos jogadores. Entretanto, o golfe continua a ser praticado por uma vintena de jogadores, entre os quais ex caddys das zonas e São Filipe e Veneza.

Turismo uma escapatória para o golfe cabo-verdiano

Hoje em dia, o golfe e o turismo andam de mãos dadas. Cabo Verde não fica "fora de jogo" e neste momento estão na forja a construção de 6 empreendimentos turísticos (Santiago, Sal e São Vicente), cujo cluster é nada mais nada menos que o golfe. De acordo com a Cabo Verde Investimentos - CI, os campos de golfe deverão ficar concluídos num prazo de 4 a 5 anos Para a CI o golfe terá uma grande importância na economia cabo-verdiana, porque está modalidade está associada a turista de elevada renda.
Quem não quer ficar de fora deste cluster é o Clube de Golfe de são Vicente, que através de uma parceria internacional, quer acompanhar o desenvolvimento, com a construção de um campo relvado de 18 buracos, moderno e actual, e de um club house de elevado padrão, capazes de servir devidamente os sócios, a comunidade local, os turistas amantes e praticantes dessa modalidade desportiva, e em condições efectivas de acolher qualquer competição internacional. De acordo com o conceito básico dos termos de referência do projecto, os promotores garantem ainda, manter o campo e financiar essa manutenção, durante dois anos, que poderá elevar-se até três anos, credenciá-lo junto da P.G.A. e promover o Open do Mindelo. Os promotores também asseguram e financiam a criação do museu do Clube e a formação do quadro de pessoal necessário para fazer o clube funcionar nas melhores condições, incluindo o pessoal de gestão e manutenção do campo de golfe. Comprometem-se ainda, a desenvolver uma forte campanha internacional de marketing a favor do Clube, chamando a atenção para a sua história e pelas novas condições do seu funcionamento. No âmbito deste projecto, todas as despesas de construção, manutenção, promoção e gestão referidas serão exclusivamente financiadas pelos promotores, sem nenhum encargo para o Clube ou para a sociedade que se vier a constituir para o desenvolvimento do projecto global.
Reservar uma área de aproximadamente, 100h (cem hectares), contígua à cidade, para construir a Cidade Nova, moderna, arejada, jovem, bem traçada, espaçosa e ecológica, guiada por conceitos do século XXI, mas profundamente harmonizada com a Cidade Histórica. No âmbito desse objectivo, pretendem os promotores ordenar, valorizar e promover toda a orla marítima e a faixa costeira, que deverão ser um espaço social, por excelência, dedicado ao lazer, à cultura e ao desporto, conferindo oportunidade a todos os residentes e visitantes de conviverem simultaneamente com a cidade, o mar e outros elementos paisagísticos, como a Baía do Porto Grande, o espaço marítimo que separa a ilha de São Vicente da de Santo Antão, os montes circundantes, designadamente o Monte Cara e a imponência da vizinha Ilha de Santo Antão. Promover, junto da orla marítima e como parte do seu ordenamento, um conjunto de serviços a prestar à comunidade residente e aos turistas e visitantes, nos domínios do lazer, da cultura e do desporto, como, por exemplo, restaurantes de qualidade, pubs, bares, e espaços fechados e abertos de produção e comercialização de actividades lúdicas, e modalidades desportivas de praia e de mar.
Reservar cerca de 100 hectares para a construção de resorts e outras infra-estruturas turísticas, numa lógica que associe a baixa densidade à qualidade, traduzida, designadamente, em fortes exigências arquitectónicas, na qualidade dos materiais utilizados (com valorização do material local), na promoção do ambiente e num serviço do mais elevado padrão, com a referência internacional de cinco estrelas. Disponibilizar solos infra-estruturados a outros investidores. Construir um hotel golfe, um hotel charme/spa, dois hotéis de cinco estrelas, um hotel casino e um hotel boutique, e um conjunto de unidades imobiliárias, destinadas a residência de estrangeiros e nacionais, e comerciais. Garantir condições perfeitas de integração dos três espaços (a Cidade Histórica, a Cidade Nova e a Área de Resorts) e da sua inter-comunicabilidade.
Reservar cerca de trinta hectares para a construção do ISAC - International Sports and Athletic Center, dotado de condições para a prática do futebol, do ténis, das modalidades de salão e do atletismo, em condições de apoiar os atletas, as associações e agremiações locais, mas também em condições de acolher competições internacionais e, sobretudo, de ser valorizado como centro internacional de estágios nas diferentes modalidades referidas. Associar ao ISAC uma policlínica bem equipada e moderna, com recursos humanos qualificados, designadamente no domínio da medicina desportiva.
Expresso das Ilhas

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