Wednesday, March 3, 2010

Crise financeira no futebol cabo-verdiano?

por: Gerson Melo

“O ser humano não pode deixar de cometer erros; é com os erros que os homens de bom senso aprendem a sabedoria para o futuro ”


Plutarco (45 - 120), historiador grego

Esta semana de entre os vários acontecimentos desportivos que se passaram em Cabo Verde, aconteceu a Assembleia Geral da Federação de Futebol. Mais uma vez e tal como tem vindo a acontecer na ultima década foram aprovados os relatórios apresentados pela direcção da Federação. Também tal como tem acontecidos nos anos anteriores ouviu-se os Presidentes das Associações a reclamarem mais meios financeiros para assim poderem desenvolver a modalidade nas suas respectivas regiões desportivas.
Mas o que mais preocupa foi a falta de certeza do Presidente da Federação em relação a participação da selecção principal de futebol nas provas de qualificação para a CAN – 2012, por motivos financeiros.
No meu último artigo de opinião tinha salientado a inexistência de prioridades claras dos governantes, nos últimos 20 anos, em relação ao desporto.
Pois bem o futebol é das poucas modalidades em Cabo Verde, que tem a possibilidade de disputar as provas de acesso as grandes competições africanas e mundiais, e que gradualmente tem melhorado as prestações. Agora pergunto, será que o futebol tem que ser “tratado” como outras modalidades que só pontualmente participam em torneios internacionais?
É preciso haver prioridades claras, para que os dirigentes da federação estejam concentrado apenas na organização e nos resultados da Selecção de CABO VERDE, aliás a equipa que representa todos os cabo-verdianos e que devemos ter orgulho em defende-la seja qual for os jogadores a entrarem em campo.
Mas o problema financeiro começa nas diversas equipas e que arrasta para as associações até chegar as federações. Há 4 anos atrás, quando nossa equipa tomou o comando da Associação Regional de Futebol, conseguimos uma serie de parcerias que acabaram com os problemas financeiros, pagando também as dívidas, então existentes, na Associação de São Vicente. Também disponibilizamos espaço no campo para que as equipas pudessem divulgar a imagem e o nome das suas patrocinadoras. Tudo para que as equipas pudessem arranjar mais patrocinadores, consequentemente mais meios financeiros e logísticos. Durante um ano, ainda jogava-se na Torrada (Campo de Jogos Alcindo Nascimento) conseguiu-se cumprir com os parceiros (empresas) dando em troca os espaços publicitários existentes no campo e os “naming” dos campeonatos. Mas no segundo ano, já no Estádio Adérito Sena, começou os problemas, a Câmara Municipal exigiu uma percentagem dos valores arrecadados nos contratos de patrocínio e por não terem recebido essa dita percentagem retirou os placar’s publicitários. Consequências, um dos patrocinadores recusou entregar a quantia previamente acertado pois a Associação não tinha cumprido a sua parte do contrato, divulgar a imagem da empresa parceira e nunca mais se conseguiu um patrocínio como o que a SOGEI, então patrocinadora do campeonato, dava a Associação.
Mas esta semana, finalmente ouvi um presidente de uma associação de futebol a reivindicar a gestão dos estádios de futebol, pois seria uma das formas de se poder ultrapassar as constantes crises financeiras das associações.
Será que o Daniel de Jesus e a sua equipa (Associação de São Vicente) não têm condições para gerirem o Estádio Alcindo Nascimento, será que a Associação de Santiago Sul deixaria o Estádio da Várzea chegar ao estado que hoje se encontra?
Claro que a melhor solução é deixar as Associações fazerem a gestão dos estádios e serem fiscalizadas pelas Câmaras Municipais. Se tem dúvidas basta verem os estádios municipais em Portugal que não estão entregues aos clubes. Estão as moscas e não tem o devido aproveitamento. Perguntem as Câmaras de Aveiro e de Faro o que pretendem fazer com os Estádios.
As câmaras municipais não podem ver os estádios como fontes de receitas para ajudarem a pagar os investimentos feitos nos relvados ou nas infra-estruturas. A retribuição a esses investimentos tem que ser, melhores desportistas, mais jovens em actividades físicas e menos problemas sociais, consequentemente uma melhor sociedade.
Para se resolver o problema do topo do desporto cabo-verdiano, as selecções nacionais, temos que começar a solucionar os na base, que são as equipas e as associações regionais.
Lisboa, 03 de Março
Gerson Melo
gersonsenamelo@gmail.com
http://www.desportocaboverdeano.blogspot.com/

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