Reunidos esta manhã, 28, para uma palestra sobre o clube, os sócios teceram duras críticas à actual Direcção e propõem criar uma Comissão de Gestão Administrativa capaz de tirar os Travadores do "marasmo e do abandono”.
“Vamos fazer um pedido ao Concelho Fiscal Disciplinar e à Mesa da Assembleia para realizarmos uma Assembleia-geral extraordinária o mais breve possível”, adianta Victor Lobo, sócio do clube e um dos “activistas” desta iniciativa. Descontente com a situação de abandono do clube, Lobo garante que pretendem também criar uma Comissão de Gestão e um “núcleo duro” de 100 sócios que dê respostas às exigências de um dos clubes históricos de Cabo Verde.
Se a Mesa da Assembleia decidir marcar uma Assembleia-geral, Victor Lobo garante que já há sócios interessados em integrar os novos corpos sociais. “Essa Comissão é para catalisar os Travadores para novos rumos. Estou disposto a fazer tudo, o que interessa é que o clube saia dessa situação de abandono e de perda de credibilidade”.
Já Eugénio Martins, também sócio dos Travadores, convidado a falar sobre a situação actual do clube, teceu também duras críticas à actual Direcção. Diz que “o clube funciona na ilegalidade” e não há perspectivas de melhorias, caso não sejam tomadas medidas urgentes, como a realização de uma Assembleia-geral. Neste sentido, Martins exige o cumprimento dos Estatutos para o interesse dos Travadores.
Rapidamente aparece um Eugénio mais cáustico quando fala sobre as contas do clube. Num discurso inflamado, Eugénio Martins exige um plano de actividades, um orçamento e uma planificação sérios para o clube.
Diz, portanto, que “o dinheiro está a ser mal gasto”, sobretudo na contratação de jogadores. “Não há investimento nos Travadores”, sublinha.
Por isso, considera que não há tempo para esperar até Maio. A solução, assegura, passa por realizar eleições o mais urgente possível. Entretanto, reconhece que situação pode piorar ainda mais caso a equipa tiver a infelicidade de descer de divisão.
Tchabela, entre a recordação e a emoção
Longe vão os tempos em que os Travadores carregavam multidões, espelhavam paixões e espectáculo pelos campos do país. Para quem acredita que a memória é curta, aí está a prova contrária. Servo Rita, conhecido no mundo futebolístico por “Tchabela”, não esconde a emoção na hora de recordar e relembrar dos momentos mais gloriosos dos Travadores. Os seus 80 anos quase que se confundem com a história dos “índios” da capital. Convidado para falar sobre o passado do clube, numa sala repleta de sócios dos Travadores e de outros clubes, este antigo guarda-redes não escondeu as lágrimas e a emoção perante o estado actual do clube.
Situação que não abona e nem dignifica a imagem dos "vermelhos" da Praia. De melhor equipa de Cabo Verde, Tchabela diz que os Travadores passaram "para nada", abandonado à sua sorte. Um conjunto de condicionalismos que o faz desanimar. De entre eles, destaca a fraca qualidade da equipa de futebol. Entretanto, espera que esta situação se resolva com esta iniciativa dos sócios e amantes do clube.
RP
Asemana
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