Monday, April 4, 2011

Andebol: Seven inconformado com inscrição de Baka

A inscrição de Paulo “Baka” Martins como jogador da equipa masculina de andebol do ABC caiu mal no paladar do Seven Stars e reabriu feridas ainda mal cicatrizadas que vêm do campeonato feminino da época passada. Ao tomar conhecimento do facto, a direcção dos “azuis” apontou o dedo acusatório ao Conselho de Disciplina da Associação de Andebol de Santiago Sul, órgão que, na perspectiva desse clube, permitiu que um “jogador reincidente em conduta anti-desportiva” voltasse a jogar, como se nada tivesse acontecido.

O cerne da questão, apurou o Lance, tem a ver com o facto de o conselho disciplinar ter deixado prescrever o prazo para a abertura de um inquérito contra Baka (por agressão física a Pierre Malfoy, actual treinador da selecção feminina de Andebol) e que, por esse motivo, concede ao ABC a legitimidade de inscrever o atleta na presente temporada. “O Conselho de Disciplina (CD) da ARASS tinha 120 dias para ultimar o referido processo e tirar as suas conclusões. Durante esses quatro meses, esse órgão simplesmente ignorou este processo, que ‘caducou’ no dia 15 de Dezembro de 2010”, expõe, num tom inconformado, um membro do Seven Stars, que contesta ainda as explicações avançadas num comunicado pelo presidente do CD, que terá explicado essa “ausência” com “falta de condições do conselho para se reunir” e pelo facto de o próprio presidente desse órgão se encontrar ausente de Santiago, no período em que deveria decorrer o inquérito.
Numa carta endereçada ao Presidente da ARASS, com conhecimento à FCA, o Seven considera o ocorrido “uma vergonha para o andebol nacional” e pergunta por que razão o presidente do CD não teve a hombridade de nomear um outro instrutor do processo, se sabia da sua indisponibilidade. “Como é possível que se deixe prescrever um processo tão grave como este, de agressão e reincidência de agressão, perdendo-se a oportunidade de se mostrar aos atletas e à sociedade que esta associação não pactua com casos de indisciplina e agressão?!”, questiona o Seven, fazendo referência a duas situações em que Baka agrediu fisicamente dois atletas do Seven Stars, no campeonato da época passada. Primeiro cumpriu seis jogos de castigo, depois foi punido com um ano de suspensão. Só que, no segundo caso, o ABC pediu a abertura de um inquérito que pudesse conceder ao atleta a oportunidade de defesa, mas o período legal expirou.
Abordado sobre esta polémica, o jurista Neltor Lobo, presidente do Conselho de Disciplina da ARASS, admite que houve negligência da sua parte neste caso. Explica que o CD aplicou uma medida de suspensão a Baka e que depois foi exigida a abertura de um inquérito. Só que, por essa altura, teve que ir a Santo Antão e Fogo, para acompanhar algumas provas de hipismo. Logo de seguida chegaram as férias judiciais, que o levaram a falhar o seu compromisso com o andebol. “Mas quero realçar que exercemos essa função como um contributo gratuito ao andebol e que eu tenho outros afazeres profissionais e pessoais”, acrescenta o jurista.
Para Caloca Alfama, este erro deve ser assumido, na sua plenitude, pela ARASS, órgão que ele próprio preside. Segundo Caloca, o cumprimento dos prazos disciplinares tem sido o “Calcanhar de Aquiles” da associação, por causa da indisponibilidade do presidente do CD. Um problema que é do conhecimento dos clubes, realça. “Criamos inclusivamente uma comissão provisória para minimizarmos essa questão, mas não tem sido fácil”, informa Caloca, realçando que, perante este lapso do CD, nada impede o ABC de inscrever o jogador. Colocado perante esta celeuma em torno da sua pessoa, Baka dá a mão à palmatória ao admitir que ele merecia ser castigado pela sua conduta. “Errei e pedi desculpas tanto ao Pierre como ao Amarildo. Espero que isso não venha a repetir-se, apesar de muitas vezes agirmos com a cabeça quente dentro do campo”, diz Baka, relembrando que ficou sem participar no campeonato nacional da época passada porque o Seven meteu um recurso para o Conselho Jurisdicional da FCA ao saber que a ARASS tinha deixado passar o prazo para a instauração do inquérito disciplinar.
Na verdade, o CD iniciou o processo e depois deixou que fosse por água abaixo. Esta polémica trouxe à memória do Seven a situação ocorrida no final do campeonato de andebol feminino da época passada, quando o caso da transferência da atleta senegalesa Lessy impediu o apuramento da equipa campeã de Santiago Sul. Neste caso, o Seven achou que a razão estava do seu lado e que foi lesado pela falta de acção dos órgãos associativos e federativos do andebol. Relembre-se que, por causa das dúvidas sobre a inscrição da atleta no campeonato cabo-verdiano, Estrelas de Andebol e ABC meteram sucessivos protestos, que levaram a ARASS a suspender o campeonato feminino. O prazo para o apuramento da equipa campeã da Praia expirou e o campeonato de Santiago Sul ficou a meio caminho. Por sorte, a equipa Estrelas de Andebol representou a região no nacional, na condição de campeã em título. Entretanto, os campeonatos de andebol sénior masculino e feminino, bem como os dos escalões sub-16 e sub-18, estão a decorrer sem grandes sobressaltos na cidade da Praia. No campeonato sénior masculino, a equipa da Terra Branca lidera a classificação, seguida do Seven e São Domingos. No feminino, o ABC leva uma vantagem de cinco pontos sobre o Seven (que tem menos um jogo), enquanto o Desportivo da Praia segue na terceira posição, com seis pontos. As campeãs em título, Estrelas de Andebol e São Domingos estão no rabo da tabela com apenas três pontos, em resultado de três derrotas.
KzB
Asemana

http://www.criolosports.com/

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