Por entre frangos, surpresa no Estádio da Várzea: Sporting 1 vs 2 Académica

A Associação Académica do Porto Novo deu hoje um passo de gigante rumo à final do Campeonato Nacional, graças à vitória por duas bolas a uma na cidade da Praia frente ao Sporting local.
Encontro de partes bem distintas, é necessário realçar o excelente espectáculo oferecido pelas duas equipas nos primeiros 45 minutos, onde as oportunidades foram muitas, principalmente para a formação leonina. Zé di Tchetcha deu o primeiro sinal de perigo aos 10 minutos, finalizando um ataque pela direita com um remate que roçou o poste da baliza defendida por Nélson. Resposta (e que resposta!) imediata dos portonovenses aos 13 minutos: Oceano, um génio de 26 anos com passagem pelo FC Derby, trata muito bem a bola na cobrança de um livre à entrada da área e ela, obediente, bate com estrondo na barra da baliza de Maguette; segunda parte do filme, Tartá aparece para a recarga e coloca a bola no fundo da baliza. Festejos de curta duração, pois o auxiliar do árbitro Paulo Paixão assinala um fora-de-jogo que as imagens nem confirmam nem desmentem. Assim sendo, benefício da dúvida para a equipa de arbitragem, que tomou a decisão possível num lance de difícil análise. Refeitos do susto, os “leões” voltam à abordagem por intermédio de Caló, o veterano avançado que tantas alegrias deu ao serviço da Seleção Nacional de Futebol, que conclui com um remate perigoso uma jogada de insistência de Chelo. O relógio marcava 17 minutos. O mesmo Caló está perto do golo 2 minutos depois: cabeceamento perfeito, ou quase perfeito, se contabilizarmos a excelente defesa de Nélson. Os praienses não tiravam o pé do acelerador e, aos 22 minutos, Di di Mena atira do meio da rua, tendo Nélson defendido com os olhos. Aos 25, a melhor oportunidade chegava: Zé di Tchetcha isola-se, pergunta a Nélson onde quer a bola, mas não deve ter obtido resposta pois o guarda-redes dos “estudantes” impede o golo. Badio I completa a intervenção do seu guarda-redes e atira a bola para os confins da Várzea da Companhia. Foi à passagem da meia hora que Maguette volta a ser chamado a intervir, respondendo bem a um bom cruzamento de Oceano. O mesmo Oceano, dois minutos depois, agarra por trás o internacional Dário a meio do seu meio-campo defensivo. É amarelado, justamente, e vê Dário fazer um golo de levantar o estádio: um petardo a uns 30 metros de distância vai parar no ângulo superior direito da baliza de Nélson, que não se livrou de ficar mal na fotografia. 1-0, vence e convence o Sporting. Eis que surge na partida o primeiro lampejo de Dénis, o extremo direito da “Micá”. Parte da direita para o meio, ultrapassa meio mundo e só é travado em falta por Piki. Do livre nada resulta, mas convém que o leitor fique atento às próximas aparições de Dénis neste filme. 41 minutos, terceira boa oportunidade para Caló, Nélson faz mais uma defesa de qualidade, como que a querer confirmar que o lance do golo não foi nada mais do que um erro pontual de um bom guarda-redes. Pouco antes do intervalo, Dário volta a tentar a sorte do meio da rua e Nélson só defende à segunda. Paulo Paixão apita e o Sporting parte para o intervalo com uma vantagem justa, quiçá demasiado curta.
No reatamento, sai Badio II, pouco em jogo, e entra Nélson, outro ator “estudante” a ter em atenção mais tarde. Ritmo muito lento, previsível, com um Sporting satisfeito com a vantagem magra, sem golos sofridos, e uma Académica descrente, parecendo satisfeita pela desvantagem mínima, que tudo deixava em aberto para a 2ª mão. 57 minutos, Zé di Tchetcha dá um pontapé no marasmo, após jogada de Caló, mas Nélson defende, sempre atento. 67 minutos, um dos momentos do jogo: Loloti domina mal a bola dentro da sua área, perde-a para um adversário e toca na mesma bola, deliberadamente, com a mão. Penalti incontestável a favor da Académica que Oceano tratou de converter: bola para o lado direito, Maguette para o lado esquerdo. Clássico. E golo do empate. A Académica parece outra, ameaça tomar conta da partida, enquanto os leões sucumbem, seja pelo desânimo ou pela falta de frescura física. Ainda tentam voltar à vantagem por intermédio de Theodore, que atira ao lado na sequência de um canto. Theodore, praticamente ausente durante todo o jogo. 76 minutos, retorna o Homem-Relâmpago, Dénis. Conduz sozinho toda a jogada e, sem linhas de passe, atira a rasar o poste esquerdo de Maguette. Minuto seguinte: Dénis, sempre pela direita, cruza com veneno, com tanto veneno que Maguette se viu forçado a largar a bola quando se viu na eminência de entrar com a mesma dentro da baliza, tal era o efeito. No segundo ato, Nélson, que parece ter tido oportunidade de balbuciar um “obrigado” ao guardião senegalês, teve todo o tempo de mundo para empurrar a bola, fazer o segundo golo e levar ao delírio os muitos santantonenses que marcaram presença nas bancadas da Várzea. O Sporting bem tenta, quer dizer, bem bombeia bolas para a área da Académica, invariavelmente sem perigo. E são da Académica as duas últimas oportunidades de golo: 1º é Nélson que aparece isolado, mas Maguette foi lesto desta vez, impedindo o 3-1 E 2º, a melhor jogada do encontro! Dénis faz gato-sapato de Tô, o lateral-esquerdo leonino, ganha a linha e coloca uma bola teleguiada na cabeça de Nélson, que cabeceia com maestria. E maestria não faltou a Maguette, que deu final à melhor jogada do encontro com uma defesa extraordinária. 91 minutos de jogo, alívio nos adeptos leoninos.
94 minutos, Paulo paixão apita duas vezes. Cai o pano. A Académica está a 90 minutos de fazer história no futebol santantonense e cabo-verdiano.

Sporting: Maguette, Admar, Piki, Loloti, Tô, Chelo (Edmar 74’), Dário, Di di Mena, Theodore (Vargas 79’), Caló e Ze di Tchetcha (Ballack 85’)
Cartões amarelos: Piki 39’, Chelo 54’, Dário 63’, Loloti 67’

Académica: Nélson, Tartá, Badio I, Ponk, Niki, Badio II (Nélson 46’), Oceano (Di de Tana 91’), Dénis, Nicha, Eli, Emerson (Vani 80’)

Cartões amarelos: Oceano 31’, Emerson 70’

Árbitro: Paulo Paixão – dúvidas em relação ao golo anulado ao Tartá e no cartão amarelo exibido a Emerson, muito bem na grande penalidade assinalada e na gestão da partida. Nota positiva.

MVP: DÉNIS

Eder Shamir B. L. Semedo - criolosports

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