Friday, August 24, 2007

Tony Barros torna real sonho crioulo em jogo dramático


Numa partida dramática, decidida a escassos 4:42 décimos com um triplo de Tony Barros, a selecção cabo-verdiana assegurou nesta sexta-feira um histórico terceiro lugar no Afrobasket2007, ao vencer a similar do Egipto, por 53-51.

O encontro, com o qual Cabo Verde inscreveu pela primeira vez o seu nome na galeria da Fiba-África, disputou-se no Pavilhão Principal da Cidadela, em Luanda.

Apesar de sofrida e disputada passo-a-passo até a derradeira milésima do cronómetro, a partida não foi tão espectacular como se pode imaginar, porquanto os intervenientes disputaram-na, em grande parte dos 40 minutos, com elevados índices de ansiedade.

Ao cabo dos quatro períodos, saiu vencedora a formação que apresentou maior discernimento, quer ofensivo, quer defensivo, pois soube tirar vantagem da precipitação do oponente nos momentos cruciais do jogo.

O Egipto até entrou melhor na partida, com um lançamento de campo, mas logo viu a reacção de um adversário determinado em fazer história (2-2), que mesmo crente deixou-se levar, ainda no princípio do encontro, pela emoção.

Cabo Verde entrou aguerrido, sob liderança de Rodrigo Mascarenhas e Marques Houtam, que iam assumindo o seu jogo ofensivo, embora em alguns momentos sem o discernimento necessário e sem capacidade de leitura do tipo de defesa do adversário.

Mais experiente, o oponente adoptou desde cedo uma defesa mista (homem-a-homem rapidamente desdobrada para zona), que tirou lucidez ao jogo ofensivo crioulo.

Nessa altura, o Egipto fazia também com displicência e precipitação a circulação de bola, procurando finalizar pontos fáceis debaixo da cesta, uma estratégia que se tornou difícil, pois não podia contar com o seu habitual poste Tarek El-Ghannam (lesionado).

Com essa toada surgiu o 8-5, 10-05, 10-07, 10-09, 10-10 (segundo empate do jogo), 11-10, 11-12 e o 11-14, favoráveis ao Egipto, que a partir daí aumentou a pressão defensiva e adoptou o contra-ataque para surpreender os ainda precipitados crioulos.

Jogando em função dos erros do adversário, os egípcios passaram a explorar melhor o tempo de ataque, procurando "esgotar" os 24 segundos, aproveitando-se do facto de o oponente já ter mais de quatro faltas.

Foi "cavando" faltas debaixo da cesta. Isso obrigou Emanuel Trovoada "Mané" a solicitar o primeiro desconto.

Mascarenhas era o mais inconformado, num período em que Houtman, uma das mais valias da equipa estava desastrado e, tal como todo grupo, sem soluções ofensivas. Assim chegou-se ao 11-15, 13-15 e, finalmente ao 13-17, o parcial do primeiro período.

A toada se manteve no segundo quarto. O base substituto de Houtman, Odair Sanches, também não conseguia pautar o ritmo de jogo ofensivo. Para piorar, Cabo Verde estava com baixa percentagem nos lançamentos de campo, onde fez 5-20, contra 9-16 do Egipto.

Nesse período, assistiu-se a uma partida incaracterística. Atacava-se mal, com precipitação, e defendia-se pior. O resultado parcial foi de 26-32, para o Egipto.

Curiosamente, o terceiro quatro não foi muito diferente. Os oponentes voltaram a entrar ansiosos, com várias perdas de bola, principalmente para os crioulos, que denotavam falta de jogos ao mais alto nível e alguma ingenuidade.

A equipa não conseguia atacar contra a zona, daí só ter marcado o primeiro ponto a 6:44 do fim do quarto, altura em que reduziu o marcador para com Houtman para 28-36.

Nessa altura começou a esboçar a recuperação, fazendo o 29-36, 31-36, 33-36 e, rapidamente, para o 34-36 a 3:20 do final do quarto. Já depois de aproximar para 36-41, assistiu a uma nova tentativa de fuga (36-43), sete pontos de diferença.

Aí entrou em cena Tony Barros, o homem do jogo, com um animador triplo (39-43). Até ao fim, o Egipto ainda marcou o quase tranquilizante 39-45, resultado com que se chegou ao fim do terceiro quarto.

O derradeiro período abriu com dois pontos para cada lado (41-45). Cedo Cabo Verde procurou assenhorar-se do jogo e relançar-se na corrida à medalha de bronze, mas a ansiedade continuava a ser a sua pior adversária.

Depois de muito sofrer, melhorou qualitativamente o seu jogo e a 4:30 do final do encontro lançou o ataque final. A recuperação definitiva. Empurrado por Rodrigo Mascarenhas, fez o 43-47, 43-49, 46-49, 48-49 e o 48-51, ficando a escassos três pontos do Egipto. Faltava pouco. Mário Correia fez o 50-51, a 1:51 segundo do final, altura em que os egípcios, numa perda de bola, fizeram o "momento psicológico do jogo".

Nervosa, Cabo Verde perdeu o ataque, mas o Egipto também não aproveitou.

Quanto faltavam 04 segundos e 42 décimas veio o "cheque-mate". Tony Barros, o "herói" da conquista, fez as honras da casa, lançando um inesperado triplo que levou ao delírio as quase duas centenas de pessoas presentes no pavilhão (53-51). O Egipto não mais conseguiu atacar a cesta, tendo que assistir, com tristeza, a comemoração crioula.

AngolaPress

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