Wednesday, October 29, 2008

Basquetebol: Nuno Levy não descarta hipótese de assumir presidência da direcção da ARBSS


Eleito para o cargo de tesoureiro da direcção da Associação Regional de Basquetebol de Santiago Sul, foi ele que na prática "carregou" o basquetebol nessa região desportiva, organizando mais de 250 jogos, nos diversos escalões. Implementou, ainda, o mini basket, com a organização de uma série de actividades, nesse escalão de formação. As coisas não correram de feição no final da época, mas Nuno Levy garante que deu tudo para que o basket saísse a ganhar.


Expresso das Ilhas - A nova época desportiva arrancou oficialmente a 1 de Outubro. Já está definido para quando começam as actividades do basquetebol em Santiago Sul?
Nuno Levy - Temos uma Associação quase cessante porque o mandato termina no dia 4 de Novembro e por isso caberá à nova direcção definir o programa para esta temporada.
Então até lá não haverá nenhum tipo de actividade?
Pretendemos realizar na próxima semana um encontro com os clubes para definir a data das eleições e apresentar as contas do mandato de dois anos.
Há movimentações no sentido de criar uma lista para as próximas eleições encabeçada por si. Tem conhecimento dessas intenções?
Não! Mas não escondo que o ABC se mostrou interessado em que eu fizesse parte de uma proposta para a nova direcção.
E qual é o seu posicionamento em relação à proposta?
Já assumi um compromisso com o voluntariado, mas acho que é preciso primeiro fazer um balanço daquilo que se passou na Associação nesses dois anos e só depois ter a certeza sobre o que fazer.
"Carregou" a Associação praticamente durante todo o mandato. O que esteve na origem do afastamento dos outros membros da equipa?
Historicamente, pelo menos na nossa Região, as Associações são criadas com uma lista completa, mas no final ficam sempre uma ou duas pessoas a trabalhar. E em Santiago, houve sempre dificuldades nos últimos anos, porque os clubes não conseguiram formar uma direcção ao longo de algumas épocas. Essa última direcção que foi formada, deixou também, cair algumas peças e, na recta final, ficaram duas pessoas mais ligadas à organização das actividades.
Durante a sua gestão, esteve praticamente sozinho durante mais de 70 por cento do tempo. Como foi organizar todas as competições?
Não foi fácil, mesmo sabendo que, informalmente, não estive sozinho. Contei com o apoio do núcleo de arbitragem, que bem ou mal muito ajudou para que os jogos fossem realizados. Houve também algumas pessoas que ajudaram noutras actividades que nada tinham a ver com os campeonatos, como por exemplo, as acções do mini-basket. As competições foram avante graças aos árbitros, pois compareciam todos os domingos, das nove da manhã até às três da tarde, apitando mais do que um jogo, o que é muito cansativo. Portanto, o núcleo de arbitragem também dava forças para levar à frente toda a vertente competitiva.
Mas em relação à arbitragem notou-se nas últimas jornadas uma certa desmotivação.
Isso aconteceu sobretudo no campeonato sénior masculino, em que houve muita pressão na recta final e os árbitros sentiram-no por parte de alguns dirigentes que tentavam condicionar o seu trabalho. Também houve a pressão do público, porque os dirigentes tentavam destabilizar a arbitragem ao colocar o público contra eles.
A questão financeira ligada aos prémios dos jogos fez também que os árbitros pressionassem a Associação.
A questão financeira não se colocava apenas do lado dos árbitros, porque apeasr de termos levado avante um bom campeonato, o que aconteceu na recta final prejudicou muito a imagem da modalidade em Santiago. Temos um "sponsor" que financiou o campeonato sénior masculino, que não ficou nada satisfeito com o desenrolar de vários problemas que o basket teve, por exemplo, com a resolução dos protestos de jogos. Com os atrasos na resolução dos contenciosos, que de certa forma mancharam a imagem da modalidade, acabou por nos prejudicar. Parte do protocolo assinado com o patrocinador não foi cumprida porque se sentiam lesados com as incidências. Em relação aos árbitros é-lhes destinado um montante por jogo, mas infelizmente, assim como aconteceu na época passada sentiram a necessidade de lhes ser assegurado de que havia cobertura dos seus prémios de jogo. Tínhamos uma promessa da Federação Cabo-verdiana de Basquetebol, mas informalmente alguns dirigentes dessa Federação, passavam a informação junto dos árbitros de que não iriam conceder aquilo que o Estado disponibilizava às Associações. Tudo isso criou um clima de desconfiança que poderia perigar a realização dos jogos.
Receberam o apoio financeiro do Estado na Época transacta?
Sim, mas preferíamos que o Estado disponibilizasse o Pavilhão Desportivo "Vává Duarte", em vez de dar, através da Federação, um montante irrisório para suportar as despesas dos campeonatos, isto porque na prática o dinheiro que eles deram foi para cobrir o aluguer do recinto para a realização dos jogos. Esse dinheiro na prática nunca entra, é como se o Estado estivesse a emprestar a si mesmo. Vejamos... a Federação deu esse montante que (nesse ano foi de 150 contos) e automaticamente o cheque foi para o cofre da Direcção Geral dos Desportos, para pagar parte do aluguer do recinto de jogos. Questionam-se os critérios utilizados na atribuição dos subsídios do Estado, já que a Federação diz que reparte equitativamente o dinheiro às diversas Associações. Mas será essa a fórmula mais justa? Porque no nosso ponto de vista, há Associações com maiores responsabilidades, nomeadamente, com mais praticantes, maior número de provas e o envolvimento de todos os escalões.
Na época passada houve situações de protestos que marcaram pela negativa o basquetebol de Santiago Sul, que redundaram na indefinição do campeão regional. Como é que viveu esses momentos?
Houve decisão do campeão sénior masculino por parte da Associação, que deu o seu parecer. A equipa fez um recurso que se sentiu lesada na decisão do campeonato sénior masculino. Entretanto, a modalidade sofreu um dano de imagem tremendo, contrariando a grande qualidade competitiva que foi, sem dúvida, o destaque dos últimos anos, onde eram realizados menos de dez jogos. A actual direcção fez um esforço e desafiou os clubes a ter um campeonato que andasse até às quatro jornadas. No final, viiu-se como é que os jogadores melhoravam até essa final extremamente competitiva.
Então o nível competitivo não merecia esse desfecho.
Claro que os atletas e os amantes do basket não mereciam. Muitas pessoas ficaram tristes e frustradas, porque quando no final de um campeonato que, desportivamente foi muito bom, ressurgem conflitos não resolvidos, deitando por terra todo o trabalho desenvolvido, deixa algum amargo na boca. Tudo isso acontece porque o basket ainda não assumiu a sua responsabilidade de mudar regulamentos completamente inadequados e que de certa forma agoram as expectativas dos clubes, jogadores e dos "sponsors".
Toda a situação gerada nesta região desportiva teve influência directa na não realização do Campeonato Nacional, porque a Federação ficou à espera do representante de Santiago Sul, que acabou por não aparecer. Como é que analisa esse facto?
Santiago Sul apresentou o seu campeão. A Associação tem como competência realizar o campeonato regional e foi executado, mas o Campeonato Nacional é da competência da Federação. Deu-se o caso dos regulamentos não estarem adequados aos tempos, porque o facto de ter havido protestos no nosso campeonato, que foram resolvidos de forma célere, mas que não tiveram a mesma resposta das instâncias superiores em relação aos recursos. Resultado: Motivou um certo atraso na conclusão da prova no escalão sénior masculino. De toda a forma não temos nada a ver com o campeonato Nacional que é da competência exclusiva da Federação.
Que balanço faz deste mandato que está praticamente no fim?
Acho que nesses dois anos começamos a ver os desafios e onde é que o basket pode ganhar. A Associação investiu no mini-basket fez pressão sobre os clubes que não tinham escolas de iniciação, não conseguimos levar avante o desígnio de ter os clubes engajados e responsabilizados na Associa¬ção, que eles criaram. Não foi possível formatar um regulamento que desse resposta ao tempo que se vive aqui no basket, mas conseguiu-se levar a termo várias actividades desportivas, que arrastaram muito público ao Gimno Desportivo, o que elevou o basket a um nível técnico superior.
Expresso Das Ilhas

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